Pedro Eiras
Nasceu no Porto em 1975. É Professor de Literatura Portuguesa na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde se licenciou e doutorou. Desde 2001, publicou peças de teatro, ficções, ensaios, e outros textos. Entre os títulos mais recentes, contam-se a ficção Os Três Desejos de Octávio C. e o livro de poemas Arrastar Tinta. Com Esquecer Fausto ganhou o Prémio PEN Clube Português de Ensaio em 2006. As suas peças de teatro têm sido traduzidas, publicadas e encenadas em Portugal e diversos outros países: Brasil, França, Grécia, Eslováquia, Roménia. |
|
|
|
Tinha a certeza de que o mundo era um enorme livro
Os primeiros livros estavam altos de mais. As estantes dos meus pais: muro colorido, cheio de cores e letras, de onde a onde alguma imagem. Havia lombadas espantosas. Nomeadamente, um espesso dicionário, com a gravura de um leitor (homem ou mulher? nunca percebi), encapuçado, tenebroso, a ler um livro. Eu e a minha irmã achávamos terrível aquela criatura cavernosa, enfeitiçante, a ler. E jurávamos que estava viva, que nos espreitava do alto da estante, através dos livros, sabe-se lá com que terríveis intenções. |