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COMENTÁRIO
 

Obra galardoada, em 1980, com o Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças, por ter sido considerado o melhor texto publicado no biénio 1978/79, esta narrativa, de estrutura linear, desenvolve-se a partir da imaginação e da vontade persistentes de um Menino anónimo que queria pintar algas num tom alaranjado, sem, no entanto, saber como se fazia tal cor. É na busca incansável da solução para este seu problema que o pequeno protagonista reconhece como o mundo está repleto de pretensas “sabedorias”. Este conto constrói-se em torno de um único conflito, cuja solução feliz, muito ao sabor das narrativas de feição popular, só ocorre após várias peripécias e depois de superadas diversas dificuldades impostas sucessivamente por outras personagens ao herói, que, no entanto, nunca desiste de alcançar, com sucesso, o objectivo da sua “caminhada”. Durante a busca do conhecimento de uma cor, que todos pareciam conhecer, o Menino é confrontado com um falso conhecimento, feito de superficialidades, de artifícios e de complexidades, a que se encontrava totalmente alheio: o vendedor de uma loja só tinha para lhe “mostrar” lenços alaranjados de Beirute; o sábio, «um tolo a fingir de sábio», deu-lhe uma difícil operação química; depois, o Pintor, «mau e trapalhão, diga-se de passagem», diz-lhe que essa cor é um segredo profissional; e, finalmente, um Poeta, «(muito mau poeta, aliás)», limitou-se a declamar-lhe um poema acerca da cor-de-laranja. Surpreendentemente – senão mesmo, ironicamente –, só um Cego consegue oferecer ao Menino a verdadeira cor-de-laranja, porque, só este, antes de tudo, colocou a criança perante um mundo seu conhecido, um universo natural que consegue, de facto, sentir: «Ora vês que não é difícil fazer cor-de-laranja. Junta o amarelo do sol ao vermelho da terra, o som do pandeiro ao som do clarim...». A vivacidade do discurso, aliado a um leve humor, suscita, com facilidade, a adesão do leitor. Em poucas palavras, o conto do Menino sedento de cor-de-laranja faz lembrar que é necessário olhar sempre de maneira diferente, descobrindo a «eterna novidade do mundo». | Sara Reis da Silva
   
 
   
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