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COMENTÁRIO
 

Nesta obra, assistimos à interferência do maravilhoso no quotidiano através do insólito e do inexplicável. É o caso do primeiro conto da publicação – «Focinhito triste e o abafador azul» – em que o berlinde que a criança oferece ao amola-tesouras surge, simbolicamente, como objecto de ligação entre dois mundos – o infantil e o adulto – e entre duas realidades sócio-culturais – uma de classe média, escolarizada, e outra pobre e analfabeta. No conto «Aventura com asas», que dá título à colectânea, encontramos uma revisitação do passado e das memórias da narradora pela reconstituição, à distância de muitos anos, de um episódio marcante (e mágico!) da sua infância. Assim, destaque-se o uso da primeira pessoa, reforçando o carácter testemunhal e verosímil do relato e passagem da narração de uma aventura à intervenção do maravilhoso. A dúvida entre realidade e ficção, que assalta o leitor no final é, no fim de contas, resultado da própria hesitação da narradora, incapaz de explicar o que lhe sucedeu naquele dia em particular, evidenciando a aptidão das crianças de se destacarem dos outros indivíduos pela capacidade de olharem de forma diferente (alternativa?) a realidade. Assim, a confusão e, possivelmente, o medo dos outros face a uma manifestação sui generis da Natureza – o ciclone – transforma-se num momento inesquecível e inexplicável na vida da protagonista e na concretização do que, para muitos, apenas pode ser um sonho. | Ana Margarida Ramos
   
 
   
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